Um projeto...duas intervenções.
Como dar partida em um projeto que a primeira vista já tinha cumprido seu ciclo de vida? Não seria descartado de forma alguma, mas por um bom tempo ficaria fora de jogada, esperando uma oportunidade de ressurgir em um remake passados alguns anos.
A obra " Las Cartas" surge do processo de criação a partir do lugar, da cadeira de Encenação I do curso de Teatro da UfPel, no semestre 2017/01 sob a orientação do prof. Adriano Moraes, direção, dramaturgia e cenografia de Beta Vieira.
Na obra um conflito familiar tem como sombra os horrores da ditadura militar na América Latina, e é sobre as feridas abertas que a vidas de duas jovens irmãs serão marcadas por cartas que deixaram de chegar.
A poética de referência utilizada foi da diretora e dramaturga uruguaia Mariana Percovich , as obras de Percovich se caracterizam pela permanente investigação sobre a relação do espaço teatral com os espectadores, na questão de gênero e em mostrar os personagens femininos em um primeiro plano, dando voz e ênfase.
Para o papel das personagens adolescentes entram em cena as também irmãs Valkiria Vieira e Yara Bidegaray, composição que materializou-se através de um estudo das obras: “El señor Galindez” do argentino Eduardo Pavlovsky, “O milagre na cela” de Jorge Andrade, "Vejo um Vulto na Janela, Me Acudam que Eu Sou Donzela" de Leilah Assunção, " Eles não usam Black-tie" de Gianfrancesco Guarnieri .
No cinema: “O ano em que meus pais saíram de férias” com direção de Cao Hamburguer,2006; “ Pra frente Brasil” direção de Roberto Farias,1992; “ O que é isso companheiro” direção de Bruno Barreto,1997 e o documentário: “As vítimas da ditadura” auxiliaram no trabalho da construção das personagens pelas atrizes.
A obra foi encenada às 19h do dia 20/08/2017 na Ocupação Coletiva de Axteirxs, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.
Que fique claro antes de mais nada que este projeto de Encenação II (2017/02) não pretende ser um remake, não é um dejà vú e é depois de muito refletir, entre cafés e cafés, que às vezes (mas só às vezes) um projeto deve ser remexido,revisitado,reestruturado para crescer, tomar impulso e deste modo ir novamente aos palcos.